"Não! Eu quero ir pra casa !" A História da vida real.
Reprodução do Instagram
Estamos com o setor COVID com lotação completa há cerca de 3 dias... Só abre vaga aqui, quando consegue vaga em hospital de referência COVID, então essa cena da foto tem sido comum de ver... Porém, não menos dolorida para toda a equipe , sempre!
Não tem sido fácil pra nenhum de nós que estamos aqui literalmente sendo linha de frente da doença , do risco eminente e da dor que ela causa as famílias. Estamos vivendo isso diariamente! Mas hoje , uma frase, uns olhos , um pedido me tocaram de forma difícil...Uma Idosa com mais de 70 anos, mãe, avó, bisavó...Chegou ao serviço cansada , COVID +, mas desde a vinda ao Hospital, ela sabia que era "só pra uma consulta" (contou a filha pra acalmar)...
A paciente me disse várias vezes : "Eu já posso ir pra casa?" ,"Moça, quando acabar o remédio, eu vou embora pra casa" , " Eu quero ir pra casa", "Deixe eu ir embora pra casa"... Não, eu não podia deixar e nem nenhum da equipe poderia...Ela precisa de um tratamento especial, ao qual nós não somos referência para a fase grave da doença. Mas de fato se atente para a dor que carrega essa imagem...
Nesta cena a maioria de nós conhece a paciente desde infância, eu mesma morei perto dela, conheço todos os filhos, sei de grande parte da sua história e que esse é outro dos grandes desafios que ela ja vivenciou...Mas provavelmente seja o mais difícil, pois vale o seu bem maior :A vida!
Os filhos em lágrimas , esperavam a oportunidade de olhar para a sua mãe, de dizer " mãe você vai voltar curada" quem sabe quantas vezes mais poderão?
Talvez a vergonha ou a falta de hábito não permitiram dizer :"Mãe eu te amo" , mas os olhos de todos eles diziam isso ...O choro de desespero dizia isso...
E os olhos dela perdidos , já não entendia o que estava acontecendo ...Entrou na ambulância e como se tivesse acabado de entender, secou os olhos , secou a lágrima de angústia, de medo, de solidão. Ela foi sozinha , com ela uma equipe médica, preparada apenas para fazer o seu trabalho...Ninguém pra abraçar, ninguém...
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